quarta-feira, janeiro 08, 2014

Por onde passo



Onde passa o preto gato pisa no branco e corre pelos jardins cintilantes.
Onde brota a planta da terra que João Inácio pisou desconcertante deslizante
Onde pinga o suor de Menelau, clima quente tropical, mato, foice e avante
Onde eu posso sorrir de te ver assim caminhando fundo no horizonte

Onde passa o vendaval, sacudindo o varal voando em roupas saltitantes
Onde o bem virou mal, bem lá no meu quintal, naquele choro agonizante
Onde se ouve o pica-pau, no matagal, terminando num rasante
Onde uma parede de cal, me clareou, minhas lembranças de infante

Quero ver a vida assim, livre de tudo e até de mim
Da liberdade do início ao fim
Pra lá que eu vou, não volto mais
Venha também viver em paz

Chove tudo! Chove o temporal.
Molha a face, me destempera, me tira o sal
Me purifica, me traz a luz ao seu final
Daquele céu iluminado que vem depois
Daquelas cores o avermelhado, o azul e o verde-mar
Pinte a minha vista o quadro mais lindo e natural
Faça sua obra-prima ao meu deleite casual
Eu paro nesse instante e dele eternizo
Todo olhar, toda visão, todo amor que ainda guardo em mim.

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