sexta-feira, outubro 31, 2003

XALAU
estado de profunda embriaguês após intenso período de ingestão de quantidade considerável de álcool, acima do nível de absorção permitido pelo corpo humano. Desaceleração do campo visual e falhas das sinapses nervosas. Inchaço dos membros e d face, bem perceptível nas mãos, mudança do tom de voz, ruborização de todo revestimento epitelial, sensação de aumento de temperatura corpórea, transpiração anormal composta de sal, água e álcool de forma contante por todo o dia seguinte, hálito constante de álcool e aniz, gosto de cabo-de-guarda-chuvas, olhos avermelhados e lacrimejantes, vontade excessiva de consumo de H2O, bocejamentos esporádicos e visitas frequentes ao toallet.

quinta-feira, outubro 30, 2003

Descanso
Novas idéias andam assombrando minha cabeça nos últimos dias. De repente surge a oportunidade de arrumar um trampo mais perto de casa e no cartão postal preferido de Sampa, a Av Paulista. Não pensei duas vezes e quando me dei conta já estava aqui ( aliás, é daqui de cima do décimo andar que estou escrevendo com uma linda visão dos prédios sentido-centro, com o famoso edificil do Banespa ao fundo e mais láááá longe ao fundo, um montanha quase que apagada pelas nuvens e é claro, pela poluição). Isso há 4 semanas. Há menos de 2 semanas surgiu a oportunidade de eu ir pra Inglaterra passar 2 meses na casa de um tio, e aqui estou novamente me preparando para mais uma mudança que aliás tem influenciado meus planos e me fazendo pensar sinceramente em estender minha estadia por 1 ano ou mais, fazer um Further Education em Artes Dramáticas por lá em uma faculdade de Manchester, que é o que eu quero mesmo pro meu futuro. Daqui 2 semanas mudo de apartamento, então mais uma loucura em quebrar contratos, fazer novo contrato, fazer mudança, etc.... loucura, loucura, loucura. Mas é muito bom ter a vida assim bem agitada. Só que às vezes cansa e você precisa parar pra respirar e dar uma relaxada...
Mas não é que meu amigo Santo Fabrício me chama pra passar o final de semana na Barra do Una em São Sebastião, uma linda praia do Litoral Norte paulista e bem calma e sossegada?
O simpático povoado de Barra do Una, de aproximadamente mil habitantes, é uma exceção no litoral norte. Nada de hordas de adolescentes fazendo de tudo para arranjar companhia, nada de emergentes querendo aparecer, nada de surfistas monopolizando as ondas. O barato em Barra do Una é outro: descansar e curtir a família ou no meu caso, os amigos!
Pô, era tudo de que eu precisava!!! Que bom! Estou contente. Partimos amanhã de noite.
Valeu Fá e obrigado pelo convite irrecusável. te adoro!
Aqui uma pequena foto do que me espera...

terça-feira, outubro 28, 2003

Asas de água
Como a chuva que cai e traz a vida, refresca-me a alma saber que estás ao meu redor, quase nunca presente entre os raios de luz mas na nuvem que nasce de sol a sol e morre nas gotas que caem acordando-me para a tua realidade: saciar minha sede de ter alguém ao meu lado entre os surtos de esperança muitas vezes perdidos em profunda melancolia. Se o rasante de teu vôo encontra o meu braço elevado aos céus e se aceitas o meu ombro teu puleiro de descanso, vê-me como abrigo de teus ossos e de teu ser. Pouse em meu corpo e voe dentro de meu saber. Parta comigo pra outro lugar, um lugar nosso onde é bom estar. Trilhe um caminho novo e além de todos os outros, sejamos alguém.

segunda-feira, outubro 27, 2003

Nublado
Do calor ao frio, do seco ao úmido, do azul ao cinza. Anoitece um dia, amanhece um outro. Ontem as lembranças eram claras, as árvores sorriam em verdes hálitos e as águas do lago refletiam luzes multicoloridas trazendo harmonia aos seres que ali passavam. Hoje o tempo consumiu as nostálgicas cores da natureza, envelhecendo as vistas turvas de névoa e de garoa fina borrando um passado de luz com manchas de um intenso cinza. Posso ver o mórbido olhar das pessoas escondidas em pálidas feições que perambulam como zumbis pela cidade. Apenas o barulho dos passos e dos motores dos automóveis e nenhuma só palavra. A voz humana ecoa ao longe, escondida no luar que corre pro lado oposto do mundo, gritando o desespero de serem ouvidas em sonhos, súplicas pela luz em pesadelos mergulhados em trevas. Aqui apenas o corvo grita e sobrevoa o céu dos arranha-céus. Seus gemidos vindo do alto onde pitam o céu cinzento com pequenas estrelas negras que movimentam-se segundo a desordenação da humanidade.

sexta-feira, outubro 24, 2003

Runaway Train
O trem passou e eu entrei. Era de noite e a estação estava cheia. Muita gente pra embarcar e um certo ar de confusão ordenada. Mamãe estava próxima mas acabou entrando em um vagão em meio ao tumulto e num piscar de olhos o trem partira. Por um segundo não sabia o que estava acontecendo. Vi-me sozinho, sem rumo, no meio de uma noite cheia de gente estranha. Transeuntes que davam medo, crianças estranhas que brincavam e deixavam-me de fora de suas brincadeiras. Peguei o próximo trem. Não sabia seu destino mas acreditava que em alguma próxima estação encontraria mamãe novamente, algum dia de alguma forma. Estava nú e jogado ao mundo, momentaneamente protegia-me com meus próprios braços que abraçavam-me e faziam uma morada à minha cabeça, esta sim, morada de inúmeras idéia que assolavam-me e iam me praparando para a vida que encontraria dali pra frente. Tudo começara ali, naquele vagão de trem.
Um almoço diferente
Hoje espero ter começado um ciclo de almoços bem diferente do convencional. Teve aniversário de um colega nosso aqui da empresa em um restaurante de massas aqui perto da Paulista e todos foram convidados. O problema é que toda semana tem almoço de alguém e a conta nunca sai barata e você sempre acaba pagando pros outros mais do que você consumiu. Mas nem foi por esse motivo que não fui. Uma porque não tava afim de comer massa e outra que não tava afim de eventos de confraternização. Hoje é sexta-feira, minha auto-estima está bem alta e não tô afim desse tipo de encontro. Foi então que resolvemos eu e meu amigo Spanish, ir comer numa padoca da Frei caneca. Daí por diante foi só risada. Comemos pra caray, bebemos um monte de cerveja até xapá. Meu tinha até pinga INTERNET no bar, uma amarelinha figurassa. Saímos de lá e fomos no MASP tomar sol. tiramos a camisa e ficamos coçando e cantando "Relax! Don´t do it!..." entre outros HITs. Chegando no ABN, não estávamos com saco de esperar na fila do elevador e resolvemos subir os 10 andares de escada correndo....Preciso nem falar que tô sem minhas pernas agora né, e vermelho de sol pra compensar. Mas foi muito louco. Quero que meus almoços de semana sejam sempre tão bons quanto este, que recebeu, pelo menos pra mim, um merecido POST. Spanish, da próxima vez vou comprar o prato colorido do Homi-Aranha!

quarta-feira, outubro 22, 2003

Caça
Homem do mato que pega no pato pra dá de comê e assim vivê
Carrega nas costas o seu par de botas pra melhor corrê e niguém te vê
entrando na mata na mão sua faca pro bicho caçá e o vento soprá
na selva domina ninguem imagina se vê na TV um gato crescê
e onça virá pata aqui pata lá e fere na veia e ferve no sangue
e viira banquete depois do cacete pra ele almoçá e depois jantá.

terça-feira, outubro 21, 2003

Um telefonema
O telefone toca quando meus olhos encontram-se semicerrados na escuridão de meu quarto. As luzes das estrelas adesivas já se apagavam do teto e minha respiração já ressonava em harmonia confundindo-se com meus próprios batimentos cardíacos que aos poucos desaceleravam o frenético ritmo da vida paulistana. Quando minha mente escurecia ante às esperanças que se aterravam no esquecimento, aquele toque fugia das minhas fantasias para a realidade e num despertar qualquer, impaciente e cheio de ansiedade, minhas atividades vitais voltaram a mil reascendendo o dom da vida, impulsionando as engrenagens à todo vapor me fazendo passar de um estado inerte à um estado adrenalínico(?). Sim... era quem eu esperava... o responsável por meu último post, a pessoa que que transformou minha melancolia patológica em pedagógica. Mais uma vez aprendendo com meus próprios fluidos de pensamento, o descobrir de um sentimento inexistente até então. A doçura de tua voz, massageia meu espírito rude e empoeirado, arrepia meu ser etéreo sentindo o calor tomar conta de minha pele e de meus lábios. Que bom que você me ligou ante todas as dificuldades para com tal ato, que não menos bravura seria como os grandes nomes de nossa história. Na nossa perspectiva, você desbravou seus medos e destronou as maleitas da injustiça dando lugar ao teu eterno carinho e ao alegre sorriso que espreitava da sua face do outro lado da linha. Beijos meu bem-querer.

segunda-feira, outubro 20, 2003

Os Verdes Campos de Teus Olhos
A Natureza preenche seu olhar
trazendo as safiras do despertar
de sentimentos jaz há muito apagados
Renascem os sonhos de um amor eterno
Florescendo no sorriso de teu ser
Tua alma ecoa estremecendo a minha
Levantando os ares de um novo tempo
Se quiseres ao meu lado estar
À tua espera prometo ficar
só te olhando, esperando o teu olhar
dos verdes campos que trazem a mim
o verde sinal para que possa atravessar
pro outro lado qual não senão o teu
É a presença, teu simples estar
que me faz ao longe viajar
em busca de um entendimento
Pro que agora sinto ao vento
Que sopra todo meu dissernimento
Se posso ou não pedir
um toque de dedos, de aura e lamento
por não te descobrir antes em minha história
por diperdiçar tão preciosos momentos.

quarta-feira, outubro 08, 2003

Post Mortem
Ratos caminham pelas entranhas de teu corpo perdendo-se nas cavidades escondidas entre o câncer de tuas dores. A luz de teu corpo repousa agora na mórbida escuridão abraçada pelas sombras fétidas, repuslsas da podridão, lembraças perdidas em putrefação. Teu sexo não é mais virgem pois abriga e dá vida, morada de roedores em decomposição. O resto de teu calor seca junto à última gota de sangue que se coagula nas cavernas de teu interior onde um dia habitava tua alma inquieta e silenciosa. Não quero te encontrar além daqui, a morte agora é tua amiga. Contenho-me com o resto da tua vida e faço dos ratos meus companheiros de solidão sentindo rasgarem tua carne em pedaços de desejos perdidos em refeição.
A Madrugada

Tantas vezes em que ela me fez pensar
Na movimentada vida reluzente
Tantas vezes em que ela me fez agir
Seguindo meus instintos ardentes

A última dela vivida ao extremo
Me fez passar tantas outras em claro
Só pensando, lembrando e juntando
Fatos que em muito me animaram

Assim como foi rápido o meu conhecer
De tua existência em minha única história
Tão rápido o fogo me consumiu por inteiro
Trazendo-te por todo momento em minha memória

Quando uma estrela nasce virada pra outra,
Durante sua quase eterna vida ao brilhar
No espaço inseguro, infitito e escuro,
Trocam sua luz para sempre se olhar

Assim eu te vejo acima de tudo e de todos
Sua luz me iluminando, me fazendo flutuar
Assim pretendo ser, seu caminho, seu luar
Mostrando a esperança de meu amor a conquistar

sábado, outubro 04, 2003

Prostituta
Esta semana serviu pra me derrubar interiormente. Às vezes cai a ficha e começo a perceber pontos de vista que melhor seriam continuar invisíveis à minha percepção. Eu comecei um novo trabalho há nem uma semana atrás, bem melhor remunerado que o anterior, motivo o qual pensei que fosse me aliviar de monte o fato de eu não curtir nenhum pouco a carreira que escolhi. Maldita seja a hora que resolvi marcar com um X a ficha de inscrição da Fuvest em Computação. Deus, eu já quis História, Artes Cênicas, Arquitetura, Arqueologia e até Biologia... onde eu estava com a cabeça quando marquei essa opção? Ah sim... um professor do Anglo veio com uma história de "Não seja louco de fazer História!" - ele era professor de história, revoltado pelo jeito... - " Não é porque você gosta de pão que vai ser padeiro! Quer passar fome? Você tem que ganhar dinheiro!" Cruel... única palavra que tenho a dizer... cruel. O pensamento capitalista é muito cruel. Poxa, por quê nós nos vendemos por tão pouco? A ilusão que se fizermos tal carreira seremos ricos ou estáveis. Como se escolhendo computação fosse me trazer todas as riquezas do mundo. Grande nada. Trouxe sim, muita dor-de-cabeça, pra mim e pros meus familiares. Resultado: estou preso. Preso na escolha de ser uma prostituta! me vendendo todos os dias pra um salário no fim do mês, tendo que atuar pessoas insuportáveis de atitudes que não condizem com minha realidade. Não consigo ser falso ou expressar prazer em um papo que não curto. Me tornei um frustrado. Penso em milhões de saídas mas sempre me vejo no mesmo caminho....na rotina. Levanto às 7, trabalho das 9 às 18, me vendendo hora a hora e esperando....um dia sair da prisão de ver a vida passar e saber que a felicidade mora lá fora. Não quero mais a vida enquadrada. Sou um artista, sinto em meu sangue.... o que fazer para descobrir caminhos promissores que me levem à uma vida paralela onde eu sinta prazer em trabalhar como eu sempre quis? Atuando, dirijindo filmes e peças de teatro, no palco, em frente às câmeras... Pra quem será que devo demonstrar minhas qualidades pra ser aceito num mundo utópico por enquanto? Meu mundo é outro e a cada dia que passa me sinto mais isolado em minhas idéias absurdas para muitos mas não para mim, um ser de outro planeta para o meio social em que convivo. Nada me difere da prostituta de uma esquina da Augusta. Algumas ainda saem na vantagem pois se dão ao luxo de ter prazer naquilo que faz. Só quero sentir um pouco de tesão pelo mundo e não só por mim mesmo. Reconhecimento, mudança de escopo, voltar a sonhar. Só isso. Estão roubando meus sonhos e os transformando em pesadelos...