quinta-feira, julho 08, 2010


Ontem eu era um garotinho triste, que cambaleava pelos cantos, que não sabia andar sozinho e precisava segurar na mão de alguém pra sentir um pouco do calor da vida, porque as paredes eram gélidas e o piso frio. Os pés descalços sentiam o endurecer dos nervos e a espinha que vibrava em espasmos de arrepios esporádicos. Não havia luz, sol, não havia nada só havia você, a única pessoa que podia me indicar o caminho da felicidade. Aconteceu que você um dia também resolveu partir e mais uma vez me vi sozinho percorrendo aqueles gélidos caminhos e ainda anoitecera e então eu pude perceber que só dependia de mim. Foi então que após chorar aos prantos eu peguei um galho de folhas secas caído ao chão. E mais um e mais outro e outro mais. Coloquei-os ao meu redor e construí uma cabaninha. Com uma pedra eu risquei o chão. Desenhei numa linha do tempo tudo o que eu queria ser dali ha tantos anos, minutos ou segundos. Eu me desenhava e percebia quão difícil era fazer o sorriso. Tudo saía perfeitamente representado, mas como era difícil sorrir por dentro. Como era difícil acendar a luz que me guiaria pela noite fria. Mas como tudo na vida eu sempre tinha uma escolha. Deitar e esperar os lobos na calada da noite ou lutar pela sobrevivência do ser, e foi então que peguei outra pedra e comecei a riscá-las com força. Ao mesmo tempo em que derramava as últimas lágrimas insuficientes para esquentar a minha face, eu esfregava as pedras com mais e mais força. Foi quando deu-se uma faísca e dela fez-se o fogo onde antes adormecia os galhos secos. Os lobos uivaram, já estavam próximos esperando o melhor momento para atacar, mas ao verem o fogo dispersaram-se enquanto esquentava minha alma e pegava gosto pela sobrevivência e com ela os planos de caminhar diferente, de usar o mundo à minha volta para continuar percorrendo e ver oque me esperaria após aquela colina. Aos poucos, foi voltando o espírito aventureiro, a vontade de desbravar novos caminhos e direções e quando me vi sozinho, não mais precisava de ninguém para me esquentar pois o fogo eu mesmo fazia e o mundo estava a me esperar...

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