Descontentamento. Por quê não consigo parar de pensar que alguma coisa precisa ser feita? Por quê se preocupar com as próximas gerações, com gente que não verei nem a cor e nem o cheiro, quando o desespero bate ao ver meu povo tão sofrido, sua elite tão alienada e preocupada no enaltecimento pessoal? O que me faz pensar que sou capaz de mudar algo, que sou capaz de enfrentar barreiras construídas pelo imperialismo, por todo o sistema econômico, político e social que se fundem em idéias e conceitos curvados em costas gastas, idéias que deveriam ser aprisionadas em museus para o mero comtemplamento de abertas mentes sorridentes ao verem-se livres de tal violação de direitos, de estar um passo à frente de um passado estragado pelos rótulos do consumismo externo que nos impôs costumes, gírias, comportamentos? Somos os índios de ontem e não percebemos isso. Deixamos a águia hastear sua bandeira e ajoelhamos à um deus que não é nosso, glorificamos a história de um mundo estranho. Quem somos além de escravos, fisgados por uma ideologia pregada em ascenções e quedas, em poder e posse, domínios e expansões? Quando não haver mais terras a conquistar, povos a subjulgar, em quem cairão os desejos da dominação humana? O que nos faz olhar além de nós mesmos, como se o além tivesse maior importância sobre quem somos, como se o onde ir significasse mais do que por onde fomos? São perguntas que não calam minha mente perturbada e que anseiam por respostas perdidas no emaranhado que se tornou a vida humada há tempos perdida.
