terça-feira, dezembro 23, 2003

Disse-me a nuvem cinza...
Formas no horizonte se fazem na desfiguração de densas nuvens que anunciam um novo tempo. Abrem espaço à imaginação de um ser perdido entre tantas responsabilidades e informações pertinentes à um mundo regrado e preso à seus próprios atos. Um tempo muito pequeno que vai desmoronando e aumentando a brecha temporal que remete o jovem ao mundo cinza e distante, verde apagado entre trovões e sopros desordenados de ventos oriundos de deuses persistentes no olhar de seus pequenos. Um lugar onde os negros lobos correm nos pastos de ovelhas vingativas e rancorosas. Os lobos temerosos e afungentados por uma inversão da natureza. Um utópico paraíso onde os fracos são os fortes e os fortes, subjulgados à extinção e caçados até as profundezas do abismo enevoado que tenta delimitar esta aberração das leis naturais. Está tudo ali nas nuvens cinzas que me abraçam e contam suas histórias através de suas fomas, sempre tidas como livros abertos de histórias infinitas aos diferentes olhos, porém sua profundidade perde-se no tempo ao passo em que suas figuras afogam-se no dilúvio de palavras que se desmancham, saciam nossa sede e tira-nos o sonho com um gélido desaguar nas espinhas dorsais que gritam a realidade um tanto sufocada por este momento de delírio acordado.

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