quinta-feira, novembro 13, 2003

Turning grey again
Do azul ao cinza, o mundo torna-se monocromático com a sua recente presença numa inusitada visita. Entre a negritude em que você se esconde atrás da pálida face existem os olhos azuis que também se tornam cinzas segundo a natureza do corvo que em você reside. Escuto sua voz cahamando meu nome num ecoar entre os ventos uivantes e começo a correr, correr, correr até que eu paro. Eu sei que é tarde e estou sozinho. Coloco meu casaco preto, minhas botas pesadas indicando o pesar de meu caminho, minha corrente metálica tenta acender a escuridão em que me contenho mas apenas demonstra um reflexo apagado entre as gélidas gotas que caem desordenadas pelo forte vento das nuvens que tomam conta do horizonte e que faz do dia uma noite em prantos. A morte pode vir de várias maneiras e no céu acinzentado ela se mostra na lembrança de nossos sentimentos mortos que às vezes como mortos-vivos levantam-se da tumba esquecida. Assim eu paro em frente aos túmulos de nosso cemitério pedindo aos espíritos da escuridão que te leve e te acorrente ao teu destino. Naquele túmulo decadente eu peço a paz entregando em troca meu coraçao dilacerado por tua fatal sombra que impede o conhecer da luz, que me traz o cinza quando finalmente vejo o azul. Ainda quero conhecer o azul mas por enquanto fico com a lembrança apenas do azul dos olhos teus e nada mais.

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